Contagem regressiva

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Dentro de um abraço


"Onde é que você gostaria de estar agora, nesse exato momento?

Fico pensando nos lugares paradisíacos onde já estive,
e que não me custaria nada reprisar:
num determinado restaurante de uma ilha grega,
em diversas praias do Brasil e do mundo,
na casa de bons amigos,
em algum vilarejo europeu,
numa estrada bela e vazia,
no meio de um show espetacular,
numa sala de cinema assistindo à estréia de um filme muito esperado e, principalmente, no meu quarto e na minha cama, que nenhum hotel 5 estrelas consegue superar
- a intimidade da gente é irreproduzível.

Posso também listar os lugares onde não gostaria de estar:
num leito de hospital,
numa fila de banco,
numa reunião de condomínio,
presa num elevador,
em meio a um trânsito congestionado,
numa cadeira de dentista.

E então?
Somando os prós e os contras, as boas e as más opções,
onde, afinal,
é o melhor lugar do mundo?

Meu palpite: dentro de um abraço.




Que lugar melhor para uma criança, para um idoso, para uma mulher apaixonada, para um adolescente, para um doente, para alguém solitário?

Dentro de um abraço é sempre quente, é sempre seguro.

Dentro de um abraço não se ouve o tic-tac dos relógios e, se faltar luz, tanto melhor.

Tudo o que você pensa e sofre, dentro de um abraço se dissolve.

Que lugar melhor para um recém-nascido, para um recém-chegado,
para um recém-demitido, para um recém-contratado?

Dentro de um abraço nenhuma situação é incerta, o futuro não amedronta, estacionamos confortavelmente em meio ao paraíso.

O rosto contra o peito de quem te abraça, as batidas do coração dele e as suas, o silêncio que sempre se faz durante esse envolvimento físico:

nada há para se reivindicar ou agradecer,
dentro de um abraço voz nenhuma se faz necessária, está tudo dito.

Que lugar no mundo é melhor para se estar?

Na frente de uma lareira com um livro estupendo,
em meio a um estádio lotado vendo seu time golear,
num almoço em família onde todos estão se divertindo,
num final de tarde à beira-mar,
deitado num parque olhando para o céu,
na cama com a pessoa que você mais ama?

Difícil bater essa última alternativa,
mas onde começa o amor,
senão dentro do primeiro abraço?

Alguns o consideram como algo sufocante, querem logo se desvencilhar dele.

Até entendo que há momentos em que é preciso estar fora do alcance,
livre de qualquer tentáculo.

Esse desejo de se manter solto é legítimo, mas hoje me permita
não endossar manifestações de alforria.

Entrando na semana dos namorados, recomendo fazer reserva num local aconchegante e naturalmente aquecido:
dentro de um abraço que te baste."


(Martha Medeiros - 12 de junho de 2008)

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